Um romance muito agitado, o pôster do cinema mexicano

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O pôster é provavelmente a mais antiga e, sem dúvida, a manifestação pública mais proeminente do design gráfico. Qualquer opinião sobre a evolução e perspectivas do cartel está associada ao desenvolvimento industrial e comercial.

Qualquer instituição ou entidade, ao solicitar os serviços do cartaz para promover o consumo de determinado artigo no mercado, a difusão de espetáculos, turismo ou campanhas de orientação social, exerce influência na existência desta modalidade gráfica. Na indústria cinematográfica, os pôsteres têm uma finalidade muito definida e certamente comercial: promover um filme e gerar um grande público nos cinemas.

Claro, o México não foi exceção neste fenômeno, e desde 1896, desde a chegada de Gabriel Veyre e Ferdinand Bon Bernard - os enviados dos irmãos Lumière, encarregados de exibir o cinematógrafo nesta parte das Américas - Uma série de programas foi encomendada para ser impressa, mencionando as vistas e o teatro em que seriam exibidos. As paredes da Cidade do México foram povoadas por essa propaganda, causando grande expectativa e um fluxo espetacular no prédio. Embora não possamos atribuir todo o sucesso de tais funções a esses minipartes em forma de lanterna, reconhecemos que cumpriram a sua tarefa básica: divulgar o evento. No entanto, não deixa de ser surpreendente que cartazes mais próximos do conceito que temos deles não fossem então utilizados, desde então, no México, para o anúncio de funções teatrais - e em particular as da revista teatro, gênero de grande tradição na capital - já era relativamente comum usar imagens em cartazes promocionais semelhantes aos feitos por Toulousse-Lautrec, na França, para eventos semelhantes.

Um pequeno primeiro boom do cartaz no cinema mexicano viria a partir de 1917, quando Venustiano Carranza - cansado da imagem bárbara do país difundida no exterior devido aos filmes de nossa Revolução - decidiu promover a produção de fitas que ofereciam um visão totalmente diferente dos mexicanos. Para tanto, decidiu-se não só adaptar ao ambiente local os então tão populares melodramas italianos, mas também imitar suas formas de divulgação, incluindo, embora apenas para quando o filme fosse exibido em outros países, o desenho de um pôster. em que a imagem da heroína sofredora da história teve o privilégio de atrair a atenção dos espectadores. Por outro lado, no resto da primeira década do século XX e ao longo dos anos XX, o elemento normalmente utilizado para a difusão dos poucos filmes produzidos naquela época seria um antecedente do que hoje se conhece como fotomontagem. , cartão ou cartão de entrada: um retângulo de aproximadamente 28 x 40 cm, no qual foi colocada uma fotografia e os créditos do título a ser promovido foram pintados no restante da superfície.

Na década de 1930, o pôster passou a ser considerado um dos acessórios essenciais para a divulgação do cinema, uma vez que a produção cinematográfica passou a ser mais constante desde a realização de Santa (Antonio Moreno, 1931). Nessa época a indústria cinematográfica mexicana começou a se delinear como tal, mas só em 1936, quando foi filmado Allá en el Rancho Grande (Fernando de Fuentes), quando se consolidaria. É importante destacar que este filme é considerado um dos marcos da história do cinema mexicano, pois, devido ao seu significado global, permitiu aos produtores do país descobrirem um esquema de trabalho e um estilo cinematográfico nacionalista que lhes valeu a pena.

O POSTER DA IDADE DOURADA DO CINEMA MEXICANO

Continuando esta linha de trabalho com poucas variações, em pouco tempo a indústria cinematográfica mexicana se tornou a mais importante indústria de língua espanhola. Com esse sucesso inicial capitalizado em todo o seu potencial, um star system foi desenvolvido no México, semelhante ao que funcionou em Hollywood, com influência em toda a América Latina, área na qual os nomes de Tito Guízar, Esther Fernández, Mario Moreno Cantinflas, Jorge Negrete ou Dolores del Río, na sua primeira fase, e Arturo de Córdova, María Félix, Pedro Armendáriz, Pedro Infante, Germán Valdés, Tin Tan ou Silvia Pinal, entre tantos outros, já significavam uma garantia de sucesso de bilheteira. Desde então, na chamada por diversos especialistas como a Idade de Ouro do cinema mexicano, o design do cartaz também viveu uma época de ouro. Seus autores, certamente, tinham mais fatores a seu favor para a realização de seu trabalho; estavam implementando, sem um código ou padrões ou linhas de trabalho predeterminados, uma série de características devidamente detalhadas no livro altamente recomendado Carteles de la Época de Oro del cine Mexicano / Poster Art from the Golden Age of Mexican Cinema, de Charles Ramírez-Berg e Rogelio Agrasánchez, Jr. (Archivo Fílmico Agrasánchez, Imcine e UDG, 1997). Naqueles anos, aliás, raramente os cartazes eram assinados por seus autores, pois a maioria desses artistas (pintores, cartunistas ou cartunistas renomados) considerava essas obras puramente comerciais. Não obstante, graças ao trabalho de especialistas como os citados Agrasánchez Jr. e Ramírez-Berg, bem como Cristina Félix Romandía, Jorge Larson Guerra (autores de The Mexican Film Poster, editado pelos Cinemas Nacionais há mais de 10 anos, durante muito tempo o único livro sobre o assunto, atualmente esgotado) e Armando Bartra, é que conseguiram transcender nomes como Antonio Arias Bernal, Andrés Audiffred, Cadena M., José G. Cruz, Ernesto El Chango García Cabral, Leopoldo e José Mendoza, Josep e Juanino Renau, José Spert, Juan Antonio e Armando Vargas Briones, Heriberto Andrade e Eduardo Urzáiz, entre tantos outros, como os responsáveis ​​por muitos desses maravilhosos trabalhos aplicados aos cartazes dos filmes produzidos entre 1931 e 1960.

DÉCADA E RENOVAÇÃO DO POSTER

Após esse período de esplendor, junto com o que se viveu no panorama da indústria cinematográfica em grande parte dos anos sessenta, o design do pôster de cinema no México experimenta uma mediocridade terrível e profunda, na qual com exceção de alguns Exceções como algumas das obras de Vicente Rojo, Alberto Isaac ou Abel Quezada, em geral caíam na apatia e no amarelecimento com desenhos pródigos em vermelho sangue, caligrafias escandalosas e figuras extravoluptuosas de mulheres que tentavam representar as atrizes principais. É claro que também naqueles anos, especialmente no final desta década, como em outros aspectos da história do cinema mexicano, nasceu uma nova geração de designers, que mais tarde, junto com a integração de artistas plásticos de com maior experiência em outras disciplinas, eles renovariam os conceitos de design do pôster, ousando usar uma série de novas formas e conceitos.

Com efeito, à medida que os quadros profissionais da indústria cinematográfica mexicana foram renovados, na maioria dos seus aspectos, o desenvolvimento dos cartazes não foi exceção. De 1966 a 1967, foram adicionados cartazes que integraram, como principal elemento gráfico, uma fotografia representativa de grande porte do tema abordado pelo filme, e posteriormente uma fonte de formas muito características e únicas. E não é que não tenham sido utilizadas fotos nos cartazes, mas a principal diferença é que nesta modalidade o que cabia nesses cartazes eram apenas as fotos estilizadas dos atores que intervieram no filme, mas aparentemente esta mensagem já havia perdido seu antigo impacto sobre o público. Não se esqueça que o sistema estelar já era coisa do passado naquela época.

Outro estilo que logo se tornou conhecido foi o minimalista, em que, como o nome indica, toda uma imagem era desenvolvida a partir dos elementos gráficos mínimos. Parece simples mas definitivamente não o é, pois para chegar à sua concepção final foi necessário conjugar um conjunto de ideias e conceitos sobre os temas do filme, e ter em conta as orientações comerciais que permitissem oferecer um cartaz atractivo cuja função básica cumprisse o objetivo de atrair pessoas aos cinemas. Felizmente, em inúmeras ocasiões, este objetivo foi mais do que cumprido, e prova disso são as inúmeras criações, sobretudo, do mais prolífico designer da época, que sem dúvida marcou uma época com seu estilo inconfundível: Rafael López Castro.

A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NO DESENVOLVIMENTO DO PÔSTER

Nos últimos tempos, os objetivos de impacto mercantil e social, com algumas pequenas variações, são os que prevaleceram no México no que diz respeito à concepção de cartazes de filmes. É claro que devemos destacar que com a grande revolução tecnológica que vivemos, principalmente há cerca de 10 anos, uma das áreas que mais se beneficiou nesse aspecto foi a do design. O novo software que surge e se renova a uma velocidade descomunal, deu aos designers ferramentas de trabalho impressionantes que, para além de facilitarem muito o seu trabalho, abriram um vasto panorama em que praticamente não existe ideia ou desejo. que eles não podem realizar. Tanto que agora nos oferecem como resultado uma série de imagens belas, audaciosas, perturbadoras ou indescritíveis, que invariavelmente chamam a nossa atenção, para o bem ou para o mal.

Não obstante, é justo insistir que toda esta parafernália tecnológica, posta a serviço dos designers, é justamente um instrumento de trabalho e não um substituto do seu talento e inspiração. Isso nunca vai acontecer, e como prova irrefutável é que nomes de Rafael López Castro, Vicente Rojo, Xavier Bermúdez, Marta León, Luis Almeida, Germán Montalvo, Gabriela Rodríguez, Carlos Palleiro, Vicente Rojo Cama, Carlos Gayou, Eduardo Téllez, Antonio Pérez Ñico, Concepción Robinson Coni, Rogelio Rangel, Patricia Hordóñel , Bernardo Recamier, Félix Beltrán, Marta Covarrubias, René Azcuy, Alejandro Magallanes, Ignacio Borja, Manuel Monroy, Giovanni Troconni, Rodrigo Toledo, Miguel Ángel Torres, Rocío Mireles, Armando Hatzacorsian, Carolina Kerlow e outros, muitos outros, são sempre os nomes de referência quando se fala sobre o cartel do cinema mexicano dos últimos trinta anos. A todos eles, a todos os demais mencionados, e a todos os que já fizeram um pôster para filmes mexicanos de todos os tempos, este breve artigo seja um pequeno mas merecido reconhecimento por ter forjado uma extraordinária tradição cultural de inegável personalidade pessoal e nacional. Além de ter cumprido sua missão principal, já que em mais de uma ocasião, vítimas do feitiço de suas imagens, fomos ao cinema apenas para perceber que o pôster era melhor que o filme. De jeito nenhum, fizeram seu trabalho, e o pôster cumpriu seu objetivo: nos pegar com seu feitiço visual.

Fonte: Mexico in Time No. 32 setembro / outubro 1999

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