Tecali, encontro com ontem (Puebla)

Pin
Send
Share
Send

O convento de Tecali, localidade situada em Puebla, é uma amostra da arquitectura conventual que mostra a versatilidade deste tipo de ónix para construção.

Tecali, tipo de ônix

Tecali vem da palavra nahuatl tecalli (de tetl, pedra e calli, casa), por isso poderia ser traduzida como “casa de pedra”, embora essa definição não corresponda à chamada tecali, ônix ou alabastro poblano, uma rocha metamórfica muito usada em construções Mexicanas do século 16, junto com o tezontle e a chiluca.

Como não existe uma palavra nahuatl para esse tipo de ônix, a palavra tecali permaneceu para significar o local dessa rocha na área. O tecali era utilizado principalmente na fabricação de chapas para altares e janelas, visto que, cortado em folhas finas, era um substituto pródigo do vidro devido à sua transparência. Os tons amarelos que projectava nas igrejas criaram um ambiente especial que, juntamente com o brilho dos retábulos, envolveu o paroquiano num espaço menos terrestre e mais celeste, onde se pudesse sentir parte da grandeza divina. Este efeito foi claramente compreendido por arquitetos e artistas, como Mathías Goeritz, ao projetar os vitrais das catedrais do México e Cuernavaca. Hoje o tecali é usado mais comumente para decoração e acessórios, como o púlpito e as fontes de água benta na atual freguesia ou em fontes, esculturas ou ornamentos produzidos por artesãos locais.

Como muitas das nossas cidades, Tecali tem um perfil baixo, no qual se destaca o edifício paroquial e o que foi um imponente convento franciscano na época colonial. Hoje está em ruínas e, mesmo assim, apreciamos sua majestade e não podemos deixar de sentir um certo encanto que envolve o local.

Arquitetura conventual

A arquitetura conventual foi um espaço de evangelização e domínio religioso do território. Os conventos construídos por franciscanos, dominicanos e agostinianos dão continuidade a uma tradição monástica europeia, que deve ter se adaptado às exigências impostas pela conquista, que afetou sua estrutura original. O tipo de construção do convento da Nova Espanha não seguiu um modelo transplantado da Espanha. Inicialmente era um estabelecimento provisório e aos poucos foi configurando um tipo de arquitetura adequada às condições locais, até formar um modelo que se repete na maioria dessas construções: um grande átrio com capelas empoleiradas nos cantos, a capela aberta de um lado. da igreja e as dependências do convento distribuídas em torno de um claustro, geralmente no lado sul da igreja.

Santiago de Tecali

Um desses grupos é o de Santiago de Tecali. Os franciscanos ali começaram a trabalhar em 1554 em um prédio anterior, já que o atual é de 1569, baseado em relevo de pedra com caracteres europeus e indígenas no canto nordeste da igreja. A atividade de construção do complexo decorreu entre 1570 e 1580. Segundo a Relação Geográfica Tecali, elaborada pelo Padre Ponce em 1585, o monumento foi concluído a 7 de setembro de 1579 e tinha claustro inferior, claustro superior, celas e igreja. todos "comércio muito bom". Este bom comércio manifesta-se na construção e decoração de todo o conjunto e sobretudo na igreja: é um templo de três naves (basílica), característica que o diferencia da maioria dos da sua época, que eles seguem o modelo de um único navio. Tem uma fachada imponente que foi preservada quase intacta; está em total contraste com o convento em ruínas e com o arco aberto da capela colocado acima do solo no lado sul da igreja.

A capa transmite profundo respeito. Apresenta um desenho racional, planejado e cuidadoso em suas proporções; isso indica que o construtor conhecia os cânones do desenho de edifícios dos tratados clássicos de Vitrúvio ou Serlio. O projeto já foi atribuído a Claudio de Areiniega, arquiteto do vice-rei Luis de Velasco, que traçou a planta da Catedral do México. O caráter maneirista da capa confere-lhe uma harmonia sóbria, estruturada a partir de elementos simétricos. A entrada da nave central, formada por arco semicircular, tem uma moldura simples e uma sucessão rítmica de pontas piramidais ou de diamante, e vieiras ou conchas alusivas à dedicação do templo: Santiago apóstol. No intradorso, a sucessão de pontas de diamante é repetida. A chave central é destacada por um consolo e nas tachinhas ainda existe parte da pintura com dois anjos segurando laços que “seguram” o consolo. No contexto da evangelização, os anjos às portas de acesso às igrejas são guias e iniciadores da vida cristã; Eles foram colocados na porta, como um símbolo da pregação ou da Sagrada Escritura, que com sua palavra abre a entrada para novos cristãos, para acessar o conhecimento de Deus.

Possui nas duas faces um par de colunas com dois nichos fechados por concha, que abrigavam quatro esculturas: São Pedro e São Paulo, fundadores da Igreja, São João e o padroeiro do lugar, São Tiago. As colunas sustentam uma cornija rematada por frontão triangular e quatro puxadores. Esses elementos arquitetônicos conferem à capa seu caráter maneirista, também chamado de renascimento purista. Este portal é acompanhado pelas entradas para os corredores, também semicirculares e marcando as silhares e aduelas com ranhuras, muito ao estilo dos palácios renascentistas florentinos. Todo o conjunto é coroado por um frontispício ou pinhão liso ladeado por pilares, no qual se presume ser o escudo imperial da Espanha. De um lado está a torre sineira encimada por um capitel; Provavelmente existia outra torre semelhante no extremo oposto da fachada, o que indica uma base existente e que, em termos composicionais, complementaria a simetria de todo o conjunto.

No interior da igreja, a nave central é mais larga e alta, pois aloja o altar-mor e é separada nas laterais por duas séries de arcos semicirculares que percorrem toda a construção e são sustentados por colunas lisas com capitéis. Toscano. O recinto foi decorado com pintura mural. As indicações de cor mais apreciadas encontram-se numa capela de nicho na cave, que preserva parte de uma orla ou faixa com anjos e folhagem, limitada por dois cordões franciscanos a vermelho. Na parte superior do nicho foi pintado um céu azul com estrelas, o mesmo que vemos no arco de entrada da porta norte do templo. O convento teve mais variedade de pintura mural, como se pode observar na sacristia, onde o sobrecapa foi pintado a imitar os chamados azulejos de guardanapo ou com triângulos diagonais, e com motivos florais nas esquadrias. Dos restantes quartos, restam apenas ruínas que nos convidam a imaginar como poderiam ser, por isso o recinto tem uma certa poesia, como comentou um visitante do local.

Na já referida Relação Geográfica de Tecali, é também referido que a igreja possuía uma cobertura de madeira sob uma cobertura de duas águas com telhas, cobertura bastante comum naquele primeiro período colonial. No México, já temos poucos exemplos desses maravilhosos painéis de madeira e Tecali poderia ser um deles, não fosse a vítima de um general chamado Calixto Mendoza que lá construiu uma praça de touros em 1920. No entanto, este espaço ao ar livre oferece uma agradável sensação de tranquilidade e paz, e convida os visitantes e residentes a virem até ela em seus tempos livres para desfrutar com sua família ou entes queridos o maravilhoso gramado que agora é o chão do templo, sob o forte sol de Puebla.

Ao fundo avista-se o presbitério com grande arco sustentado por cachorros quadrados e realçado por losangos ou pontas piramidais iguais às da frente, formando uma graciosa correspondência decorativa. Na abóbada que forma o arco encontram-se fragmentos de caixotões poligonais pintados a azul e vermelho, que complementam a decoração do tecto em madeira. Provavelmente foi modificado no final do século XVII, quando foi anexado um grande altar de talha dourada em estilo barroco, que cobria a pintura mural original, na qual apenas resta um fragmento do Calvário. Na parede avistam-se alguns suportes de madeira que sustentavam um retábulo dourado.

A base do altar preservado parece tosca e abandonada, mas contém uma misteriosa lenda popular, segundo Dom Ramiro, morador do local. Afirma que se esconde a entrada de alguns túneis que comunicam com o vizinho convento de Tepeaca, por onde passaram secretamente os frades e onde guardavam um baú com peças valiosas do enxoval da igreja, que "desapareceram" após o restauro do lugar, nos anos sessenta.

Acima da entrada ficava o coro, sustentado por três arcos rebaixados que se cruzam com os esguios arcos das naves, formando um cativante conjunto de cruzamentos. Esta localização corresponde ao costume espanhol do final do século XV, adotado nas igrejas conventuais da Nova Espanha.

Detalhes de origem medieval

Em Tecali encontramos também algumas soluções de origem medieval: os chamados degraus redondos, que são corredores estreitos no interior de certas paredes e que em alguns casos permitiam a circulação para o exterior do edifício. Na verdade, esses corredores tinham um uso prático para manutenção de fachadas, assim como eram usados ​​na Europa medieval para limpar janelas. Na Nova Espanha não havia vitrais, mas panos ou papéis encerados que eram enrolados ou estendidos para controlar a ventilação e a iluminação, embora aqui seja provável que algumas das janelas fossem fechadas com lençóis de tecali. Outra dessas passagens no interior das paredes eram as janelas que comunicavam a igreja com o claustro e serviam de confessionário, onde o padre esperava no convento e o penitente se aproximava da nave. Este tipo de confessionário deixou de ser utilizado após o Concílio de Trento (1545-1563), que estabeleceu que deveriam ser localizados dentro do templo, por isso temos poucos exemplos no México.

Não se sabe quantos retábulos de talha dourada e policromada tinha a igreja do convento de Tecali, mas sobreviveram dois: o principal e um lateral que podemos ver na actual freguesia, a par de outros três retábulos de ouro, certamente confeccionados para o novo templo. . O do altar-mor é dedicado ao Apóstolo Santiago, patrono de Tecali, pintado a óleo na tela central. Utiliza pilastras de estipe, conhecidas no México como churriguerescas, introduzidas no século XVII, acompanhadas de esculturas de santos cozidas, entre uma decoração abundante que acentua o seu carácter barroco. A elaboração deste retábulo teve de ser efectuada pouco antes do abandono do convento em 1728, altura em que se concluiu a construção da actual freguesia e foram deslocadas as existentes na antiga igreja.

Existem e ainda estão em uso duas grandes cisternas que coletam e armazenam a água da chuva por meio de um sistema de canais subterrâneos para captar o líquido vital e retê-lo na estação seca. O antecedente pré-hispânico dessas cisternas eram os jagüeyes, que os frades melhoraram cobrindo-as com pedra. Em Tecali existem dois tanques: um coberto para água potável - no fundo da igreja - e outro para criação e cultivo de peixes, cada vez mais afastado e maior.

A visita ao Tecali é um encontro com o ontem, uma pausa no agitado cotidiano. Isso nos lembra que no México existem muitos lugares interessantes; Eles são nossos e vale a pena conhecer.

SE VOCÊ IR PARA TECALI

Tecali de Herrera é um município localizado a 42 km da cidade de Puebla, na rodovia federal nº. 150 que vai de Tehuacán a Tepeaca, onde se faz o desvio. É nomeado em homenagem ao liberal Coronel Ambrosio de Herrera.

Pin
Send
Share
Send

Vídeo: Jose Ramón Frente a Frente con Manolo Lapuente (Pode 2024).